Mãe de assassino de professor desabafa: "Quem mata para roubar é vagabundo"
A mulher revoltou-se ao saber que o filho matou um professor

A senhora lembra a primeira vez em que Wanderley foi preso?
Foi antes de o meu marido falecer. Tem um ano e dois meses que ele saiu da prisão, em Viana. Ele ficou seis ou sete meses preso, e eu não fui visitar. Mas sempre tem um para trazer notícia.
Quando ele era menor de idade, foi detido por que?
Ele estava na garupa de uma moto, que era conduzida por um idoso. Mas a moto era roubada. Eles levaram Wanderley para a Unip, e o senhor, eu não sei para onde foi. Então, fui ver um juiz, em Viana e, com 20 dias, o Wanderley foi solto. Depois disso, ele virou um homem e começou a trabalhar. Mas foi só um ano. Depois, ele virou um doido. Foi preso em Viana e ficou lá. Não fui vê-lo.
O que a senhora falou quando o encontrou?
No dia que eu vi o Wanderley, falei com ele: ‘Não quero saber de nada. O que acontecer com você é da sua responsabilidade. Porque, te criar, eu criei. E ensinei você a trabalhar e estudar. O que você fizer, meu filho, você já tem idade para assumir. Agora, na sua cabeça, quem manda é você. O que eu fiz para Deus, foi criar você muito bem’. Meus filhos todos trabalham.
Qual foi a última vez que senhora o viu?
Nem sei falar. A última vez que soube dele, estava morando em Mucuri. Depois, não tive mais notícia, não o vi mais. O Wanderley sumiu.
Como a senhora ficou sabendo da prisão pela morte do professor?
Fiquei sabendo pela televisão. Foi um choque. Eu quase morri do coração. A minha filha adotiva caçula teve até um princípio de desmaio. Mas a gente tem que ser forte e aguentar firme.
A senhora sabia que o Wanderley já tinha cometido um crime de tamanha brutalidade?
Nunca soube de nada. Ele nunca me contou nada. Depois dos 17 anos, eu não soube mais nada da vida do Wanderley.
Se estivesse com ele, o que falaria?
Acho que não aguentaria nem olhar para ele. Que ia desmaiar. Meu coração está amarrado. Estou muito triste. Uma tristeza que na minha família não tem.
Qual recado a senhora deixa para outros pais?
Para mim, se ele deve, ele tem que pagar. Eu sou de família de gente que trabalha. O pai que o criou sempre trabalhou. Meus filhos legítimos e os dois adotivos são todos trabalhadores. Só ele que saiu assim. Não sou a favor dele nem por um minuto. Que Deus toque no coração dele. Isso se ele tiver coração, porque do jeito que eu o vi rindo na televisão...
Qual o recado que a senhora deixa para a família do professor?
O recado que eu mando é que Deus os conforte e dê forças, porque o professor que já foi, não vai voltar mais. Mas que eles rezem bastante.
A senhora ainda o considera como filho?
Ah! Nem sei o que eu falo. Mas, não tenho mais ele no meu coração.
A senhora o perdoa?
Acho que não. Quem, tira a vida de uma pessoa assim, pode tirar a vida da mãe, do irmão, qualquer um. Eu não perdoaria. Porque não perdoo vagabundos que vivem matando os outros dia e noite. Não dou confiança e nem gosto de gente preguiçosa e vagabunda. O Wanderley se tornou um desses vagabundos. Para fazer o que ele fez, se tornou um vagabundo frio. Quem mata os outros para roubar é vagabundo os piores que tem no mundo.
Família está com medo, diz irmão
“Não é meu irmão. Não me considero nada dele. É apenas o filho de criação da minha mãe. Nem meu sangue é.” A declaração é de um dos irmãos de Wanderley Martins Zoeger, preso na quinta-feira, acusado de matar o professor Guilherme de Almeida Filho, 37 anos. Ele ressaltou os sentimentos que a atitude do jovem - que há 16 anos foi adotado - deixou nos membros da família: decepção e medo.
Wanderley chegou à família ainda bebê. Ele foi encontrado por assistentes sociais abandonado em um lixão. A primeira vez que frequentou a casa dos Martins Zoeger, foi a passeio. A matriarca da família, que na época tinha cerca de 40 anos, mantinha contato com um orfanato de Vila Velha, e o levou para passar uns dias em sua casa.
O irmão diz que o jovem, enquanto criança, não apresentava comportamento frio ou agressivo. “Ele viveu uma vida tranquila, normal. Ninguém está tendo chão para aguentar essa história. Estamos tristes, com medo, transtornados. Não dá para entender o que se passa na cabeça desse menino”, afirma. (Fiorella Gomes)
Fonte: Da Redação Multimídia